Na internet não faltam mezinhas que prometem acabar com a celulite, também conhecida como “pele casca de laranja”. Por ser uma condição clínica que afeta milhões de pessoas, a procura por uma cura rápida e eficaz é frequente. Uma das receitas naturais mais partilhadas, há vários anos, nas redes sociais e em blogues, é a esfoliação com borras de café. 

Segundo que defende esta mezinha, devido à cafeína, a esfoliação da pele com borras de café “estimula a circulação”, potenciando “um aumento no fluxo sanguíneo e no aporte de oxigénio”, o que vai proporcionar uma “maior eliminação das toxinas”. Mas existe evidência científica que comprove a eficácia desta mezinha? Fazer uma esfoliação com borras de café trata a celulite?

Está comprovado que esfoliar a pele com borras de café trata a celulite?

Em declarações ao Viral, Luís Uva, dermatologista e Diretor Clínico da Personal Derma, adianta que, apesar de ser uma mezinha popular, “não há evidência científica que suporte” a eficácia da esfoliação da pele com borras de café no tratamento da celulite.

Segundo o dermatologista, “o princípio ativo da cafeína provoca uma vasodilatação” que, “eventualmente, pode melhorar a circulação” e eliminar toxinas. No entanto, isso “não vai melhorar a celulite”, refere.

Aliás, Américo Figueiredo, dermatologista e professor catedrático jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, já tinha explicado anteriormente ao Viral que a celulite é uma condição que está associada às alterações hormonais que decorrentes da puberdade, não tendo nada que ver com as toxinas.

Assim, acrescenta Luís Uva, “qualquer efeito que se possa ver neste tipo de prática” é proporcionado pela “massagem”, “seja com borra de café”, com cremes, ou até sem nada. 

Contudo, salienta o médico, se este tipo de esfoliação tiver algum efeito será “temporário”. Ou seja, “só funciona no momento em que se faz”. Quando se deixa de fazer a massagem, a pele volta ao seu aspeto anterior.

Há riscos em seguir esta prática?

Na perspetiva de Luís Uva, é necessário “ter cuidado com os efeitos adversos” desta prática. 

Por um lado, a pele de algumas pessoas pode ser sensível “a alguns dos constituintes” desta mezinha. Por isso, fazer uma esfoliação com borras de café pode desencadear inflamações cutâneas, ou uma “dermatite de contacto irritativa”, ou uma “dermatite de contacto alérgica”, alerta. 

Além disso, frisa o médico, “as pessoas podem ter tendência a usar as borras de café já usado”, ou seja, “que já foi fervido” e, nesse contexto, o café já não tem “as propriedades” referidas.

Assim, se uma pessoa decidir seguir esta dica, deve “ter consciência de que [esta prática] não está estudada” e que pode acontecer alguma irritação ou alguma alergia a algum dos constituintes”, reforça o Diretor Clínico da Personal Derma.  

Quais os tratamentos mais eficazes para a celulite

Segundo Luís Uva, apesar de não haver cura, existem vários tratamentos aprovados para a celulite. O especialista refere “o tratamento com laser”, que “vai remover a camada superficial da pele e estimular o aparecimento de uma nova camada”.

Depois, também se pode fazer “carboxiterapia”, ou seja, “injeções de dióxido de carbono”, que vão esticar a pele por dentro para compensar” as covinhas visíveis.

A celulite avermelhada “também pode melhorar com laser vascular, o PDL (Pulsed Dye Laser, em inglês)”, aponta.

Além disso, outro tratamento possível é feito com “ultrassons” que “ajudam a bioestimular a pele a nascer de dentro”. 

Esta bioestimulação também pode ser conseguida “com injetáveis, nomeadamente o ácido polilático”, completa. 

Este “é um injetável que se usa, por exemplo, para que as nádegas fiquem mais firmes e mais preenchidas”, ajudando “a pele a ficar mais tensa, com menos buracos” tendo, por isso, “um resultado mais imediato e bastante duradouro”, explica.

Estes tratamentos são, na visão de Luís Uva, “fáceis de fazer” com “as máquinas certas”. Numa fase inicial, “quanto mais armas usarmos para atacar o problema, melhor”, defende. Mais tarde, numa fase de “manutenção”, “o tratamento é mais simples” e a sua periodicidade é alargada.

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Este artigo foi desenvolvido no âmbito do European Media and Information Fund, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e do European University Institute.

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